O País reclama mudança<br>uma verdadeira alternativa
A Casa da Cultura de Beja encheu no domingo, 2, para um comício com a presença de Jerónimo de Sousa. Centenas de pessoas ouviram o Secretário-geral do PCP denunciar a natureza de «exploração e empobrecimento» do Orçamento do Estado para o próximo ano e reafirmar que este Governo «deixa um rasto de destruição e tragédia» no País. O dirigente comunista garantiu que não «estamos condenados à pena perpétua da política única do PS, PSD e CDS/PP», que há alternativa à política de direita, «uma alternativa que o presente e o futuro reclamam e o PCP propõe».
O Orçamento mantém e agrava a exploração e o empobrecimento
O Orçamento do Estado para 2015, proposto pelo Governo e aprovado no Parlamento pelo PSD e CDS/PP, vai consolidar o roubo dos últimos anos aos trabalhadores e ao povo, tornando o esbulho não só definitivo como ampliando-o com outras medidas fiscais. A acusação é de Jerónimo de Sousa, num comício no domingo, em Beja, que abriu com música de Pedro Mestre e sons de violas campaniças.
De acordo com o Secretário-geral do PCP, o Orçamento impõe a continuação do congelamento dos salários e de parte das reformas, além de cortes salariais e acrescida perda do poder de compra das populações. Mais: não só mantém uma brutal carga fiscal, em especial sobre trabalhadores e reformados, como a amplia em mais 5,5 por cento.
Haverá também um agravamento dos impostos indirectos, nomeadamente com a fiscalidade verde, que significará mais aumentos nos combustíveis, no gás, no imposto de circulação, nos transportes públicos, no custo da habitação com o fim da cláusula de salvaguarda do IMI.
Este Orçamento agravará também a injustiça fiscal, diminuindo a taxa do IRC – uma nova baixa de impostos para o grande capital, à qual se acrescenta chorudos negócios com mais privatizações e com um serviço da dívida de 7800 milhões de euros, superior em 400 milhões ao de 2014.
Enfim, um Orçamento de «consolidação e aprofundamento do saque fiscal» e também de «aprofundamento das desigualdades e de agravamento da crise social», com novos cortes nas prestações sociais (mais 100 milhões). E, seguindo a linha de ataque e desmantelamento das funções sociais do Estado, visa em 2015 despedir mais 12 mil trabalhadores e continuar a fechar serviços, incluindo na área da saúde, e escolas (só na Educação estão previstos cortes de 700 milhões).
Para Jerónimo de Sousa, o País não pode continuar neste caminho de contínua degradação económica, social e política. O País precisa de uma verdadeira mudança. E há alternativa à política de direita, «uma alternativa que o presente e o futuro reclamam e o PCP propõe». Como os comunistas afirmam, essa alternativa passa por «uma política patriótica e de esquerda, que ponha fim à política de extorsão e confisco, ao declínio económico, à injustiça, ao empobrecimento e ao rumo de afundamento nacional».
Rendeiros resistem
A abrir o comício usou da palavra Luís Silva, da Juventude Comunista Portuguesa, que criticou o caos no início do ano lectivo também no distrito de Beja.
Interveio depois Miguel Madeira, do Comité Central e responsável do PCP no distrito de Beja. Destacou a importância da mobilização em torno da 8.ª Assembleia da Organização Regional, que se reúne no dia 16, em Castro Verde. Saudou os rendeiros do Estado na Herdade dos Machados que, com a sua luta, têm resistido às investidas de diferentes governos para os expulsar da terra que trabalham há mais de 30 anos. E denunciou que investimentos públicos fundamentais, como Alqueva, o aeroporto de Beja, o IP8 e o IP2, «que há muito deveriam estar concluídos e constituir obras fundamentais para o desenvolvimento regional e nacional e para a criação de emprego», estão parados, avançam lentamente ou sofrem de indefinições.
Ao comício em Beja, inserido na campanha nacional «A força do povo por um Portugal com futuro – Uma política patriótica e de esquerda», seguiu-se um convívio, com castanhas assadas e vinho.